LUIZ MARTINI
Em julho de 1892, com apenas 10 anos de idade, Luiz André
Martini chegou ao Brasil juntamente com a família, procedente de Caprino
Varonese, Itália. Rumou pra São Paulo e desta para Mogi-Guaçu, onde, até 1907,
trabalho na olaria da Estiva, de propriedade de seu progenitor, José Martini.
Em Mogi-Guaçu contraiu matrimonio com Da. Emília Marchi,
iniciando como simples condutor de carroça. Passados alguns meses, adquiriu uma
gleba de terras no local denominado “Varjão”, onde construiu sua casa e fundou
incipiente indústria de cerâmica. Os primeiros anos foram de sacrifício,
tropeçando com dificuldades de toda ordem, vencendo-as, porem; embora
enfrentando pesadas contrariedades, conseguiu lentamente, ampliar a industria,
aumentando e melhorando a produção do material.
Já em 1925 a olaria havia atingido o elevado grau de
prosperidade e, dada a perfeição das telhas e dos tijolos, a aceitação no
mercado obrigou a quadruplicar o movimento. Então, vendo ao longe o futuro que
estaria reservado à Cerâmica Martini, mandou construir os primeiros fornos, com
chaminés, para queima e vidração de manilhas de barro, produto cuja fabricação
iniciava promissoramente.
A experiência, embora coroada de êxito, custou grandes
preocupações a Luiz Martini. Vários óbices deveriam ser contornados.
Incalculáveis contratempos surgiram e, ás vezes, parecia que a idéia ficaria
sepultada no bairro do “Varjão”. Luiz Martini, porem, espírito marcadamente
progressista, tinha o objetivo de desenvolver sua cerâmica, mesmo que isto lhe
custasse o sacrifício extremo.
Empregando vultoso capital na montagem das novas
instalações, assumiu ele sérios compromissos. A crise de 1929-1930 encontrou-o
a braços com grandes obras, e a situação financeira das praças com as quais
mantinha transações periclitava a cada passo.
Enfrentou, nessa ocasião, calamitoso período comercial,
permanecendo, porém, sempre disposto e confiante no êxito do negócio. Em 1932
seu passivo era impressionante, mas as benfeitorias garantiam perfeitamente a
estabilidade da firma, já conhecida por encorajador conceito. Daí a
interferência de amigos, conhecedores de seu belo caráter, e a colaboração dos
Bancos que se abriram para a industria. Em 1936 Luiz Martini reconsolidava
definitivamente sua posição e reiniciava período áureo, que se avantajou cada
vez mais, mercê de sua grande força de vontade e sua reconhecida honestidade.
Embora as manilhas Martini já dominassem o mercado pelo
esmero de sua fabricação, o estimado industrial teve de arrostar sérios
concorrentes e, sem outros recursos a não ser o da excelente qualidade do
material, conseguiu ver classificados tais produtos em segundo lugar no
concurso instituído pela Repartição de Águas e Esgotos de São Paulo, a 29 de
novembro de 1933, e do qual participaram numerosos interessados, cabendo-lhe a
Patente n.º 2722.
Em julho de 1940 anexou á já vitoriosa indústria de tijolos,
telhas, manilhas etc., uma secção de artefatos de cimento em geral, com franca
aceitação no mercado consumidor.
Luiz Martini era um dedicado amigo dos operários, tendo
vindo da mesma camada dos que trabalham de sol a sol para o sustento da
família. Sabia perfeitamente compreendera grandeza de ação desses heróis
anônimos que constroem a nossa riqueza. Daí o ter procurado dar-lhes o conforto
necessário, socorre-los nas suas necessidade e interpretar as leis com elevado
espírito e sadio patriotismo.
Era um cristão, na acepção mais elevada do termo. Dava
generosamente a quem lhe pedisse auxílio, revelando-se sempre uma alma plena de
nobres e puros sentimentos, dotada de largos e elegantes gestos de filantropia.
Inúmeras casas de caridade, leprosários, igrejas, inclusive a de Mogi Guaçu,
cuja cobertura correu por suas expensas, a casa paroquial etc. mereceram de
Luiz Martini particular atenção, sem nenhum alarde.
De seu casamento com Da. Emília Martini nasceram os
seguintes filhos, hoje continuadores e propulsores de sua magnífica obra: Da.
Leonilda, casada com o Sr. Clóvis Miachon; Honório Orlando, casado com Da.
Walda Silveira Bueno; Jose , casado com Da. Clarinda Bueno; Oscar, casado com
Da. Izelinda Chiarelli; Da. Olga, casada com o Sr. Acácio de Oliveira; Da.
Iolanda, casada com o Sr. Jair Chiarelli; Altino, casado com Da. Wanda Bueno;
Hélio, casado com Da. Lucia Fernandes; Marino, casado com Da. Luisa Francisco
Vinci; Da. Marina, casada com o Sr. Aldeonofre Françoso; e Victor Luiz, casado
com Da. Odete Chiarelli.
Faleceu LUIZ MARTINI em setembro de 1940, aos 58 anos de
idade.
Histórico da Escola Estadual
“Luiz Martini”
Até o inicio da década de 50, Mogi-Guaçu não possuía os
então conhecidos “Ginásios” - cursos que abrangiam de 5ª à 8ª series -
limitando-se em termos de escolas, ao então Grupo Escolar “Padre Armani”, que
oferecia ensino de 1ª á 4ª séries somente.
Por volta da metade da década de 50, foi instalada pelo
Profº. Clóvis Pansani, uma escola particular com curso ginasial e de comércio
(2º grau), denominada “Rui Barbosa”, mas como se tratava de uma escola
particular, nem todos tinham condições de freqüentá-la. Tornava-se assim
necessário na cidade, uma escola estadual.
Foi assim que no decorrer do ano de 1956, iniciou-se um
intenso trabalho em Mogi-Guaçu, com objetivo de se conseguir do Governo do
Estado, a criação de um Ginásio Estadual na cidade.
A luta da comunidade guaçuana, sensibilizou o então Deputado
Estadual Nagib Chaib, representante da nossa cidade na Câmara Legislativa,
levando-o a encabeçar o movimento, reforçando a luta.
A vitória veio afinal, com a criação do primeiro Ginásio
Estadual, pelo governador Jânio Quadros em 1957.
A nova escola estadual inicialmente foi denominada Ginásio
Estadual de Moji Guaçu. Somente em 1958, recebeu a denominação oficial de “Luiz
Martini”. Inicialmente a escola funcionou em um velho prédio, hoje demolido,
que se localizava na Praça Cândido Rodrigues.
A primeira diretora do “Luiz Martini” foi a profª. Almerinda
Rodrigues e os primeiros professores foram: Cid Chiarelli (Ciências e
Matemática); Ubirajara Ramos (Trabalhos naturais); Ivete Maria Bueno (Inglês);
Roberto L. Franco Bucci (História e Geografia); Zenaide Franco de Faria
(Francês); Vilma Porto de Matos (Canto Orfeônico); Luiz Fantinato (Educação
Física); Olavo de Oliveira (Desenho); Milton Franco de Faria (Latim e
Português) e Maria Amélia A. Melo ( Educação Física)
Os primeiros funcionários foram: Maria Ângela Vedovello
Morari (Secretária); Oscar Pansani (Inspetor de Alunos) e Oscar da Silva Albino
(Servente).
No decorrer do ano de 1959, em terreno municipal, doado pelo
prefeito Carlos Franco de Faria, foi construído o prédio próprio do “Luiz
Martini”, tendo a escola mudado, no ano seguinte para suas novas instalações.